Como ser Liderança Aliada a Pessoas LGBTQIAPN+
- Gisele Müller

- 25 de jun.
- 3 min de leitura

Ser uma liderança inclusiva não é só uma questão de estratégia, é uma questão de humanidade, ética e coragem. E, no mês do orgulho, quero compartilhar um pouco da minha vivência como líder de duas mulheres incríveis: uma mulher lésbica, e uma mulher trans. Além de outras pessoas LGBTQIAPN+ que tive a alegria de liderar só longo da minha carreira.

Conviver e liderar essas potências me ensina todos os dias que criar ambientes verdadeiramente seguros, acolhedores e inclusivos não é um detalhe — é um compromisso constante.
Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade onde pessoas LGBTQIAPN+ enfrentam desafios que muitas vezes passam despercebidos por quem não vive essa realidade. Isso impacta diretamente na segurança emocional, na saúde mental e, consequentemente, na produtividade e no desenvolvimento profissional dessas pessoas.
:Por isso, quero dividir aqui alguns hacks, práticas e reflexões fundamentais para quem quer ser uma liderança aliada real e não só no discurso:
💡 1. Crie espaços de escuta segura, acolhedora e afetiva
Pessoas LGBTQIAPN+ muitas vezes enfrentam rejeição dentro das próprias famílias, isolamento social ou histórico de não pertencimento. Ser um espaço de acolhimento, onde elas possam ser quem são, sem julgamentos, sem máscaras, faz toda a diferença. Não subestime o poder de uma liderança que escuta com empatia e do afeto.
🚩 2. Entenda que você não vive as mesmas dores — e está tudo bem (desde que você se disponha a aprender)
É fundamental reconhecer que, como pessoa cisgênera, heterossexual ou que não pertence à comunidade LGBTQIAPN+ você não terá as mesmas experiências de discriminação, medo, violência ou exclusão. Mas você pode — e deve — se educar para compreender como isso impacta a vida e a rotina profissional dessas pessoas.
ser uma pessoa trans no Brasil significa, muitas vezes, conviver com olhares, desrespeito, piadas, transfobia velada ou explícita — até no caminho para o trabalho. Isso mexe com o emocional, e sim, impacta o dia, a produtividade e o bem-estar.
🏳️⚧️ 3. Respeite nomes e pronomes — isso não é detalhe, é dignidade
Se atente a como cada pessoa se identifica. Use o nome correto, os pronomes corretos e, se errar, peça desculpas e corrija imediatamente. Isso é sobre reconhecer e validar a identidade do outro.
👀 4. Corrija microagressões e combata vieses — SEMPRE
O silêncio da liderança valida o preconceito. Quando você vê uma piada, uma expressão LGBTfóbica, uma atitude de desrespeito ou exclusão, é seu papel intervir. E, sim, é desconfortável, mas é necessário.
💪 5. Tenha coragem para fazer o que é certo
Tive algumas situações bem concretas de transfobia e LgBTfobia. A mais recente foi de uma pessoa colaboradora de um cliente que teve posicionamentos misóginos e transfóbicos. Minha colaboradora mandou mensagem dizendo o quanto foi difícil a situação. Assim que soube, atuei prontamente, posicionei a situação com o cliente, pedindo que a pessoa fosse orientada, deixei claro que respeito era inegociável. A empresa foi atenta, ouviu, acolheu, se desculpou, mas não tivemos mais oportunidades de trabalhar juntos.
Coincidência ou não, seguimos em frente. não há desenvolvimento sustentável possível quando passamos pano para preconceito. E liderança inclusiva é isso: é ter coragem de fazer o que é certo mesmo nas relações mais delicadas.
🌈 6. Inclusão não é só discurso — é prática, todos os dias
Não basta colocar a bandeira no mês de junho, é preciso agir: rever processos, garantir ambientes seguros, políticas claras, oferecer suporte, desenvolvimento e crescimento profissional real.
✨ Ser uma – Liderança Aliada – é:
• Escutar.
• Acolher.
• Proteger.
• Corrigir.
• Posicionar-se.
E, acima de tudo, ter coragem de sustentar os valores da diversidade, mesmo quando isso custa desconforto, contratos ou privilégios.

Se você é uma liderança e tem pessoas LGBTQIAPN+ no seu time, entenda: você pode fazer a diferença e apoiar as pessoas para florescerem. Porque isso, sim, faz diferença na vida das pessoas e no mundo que a gente constrói todos os dias.

Por Gisele Müller. Fundadora da Éssi.
Consultora, mentora, trainer e coach com o mesmo propósito que a move desde o início: acelerar o crescimento de pessoas e organizações com profundidade e autenticidade. Coautora dos livros Diversidade e Inclusão e Suas Dimensões.


