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Foto do escritorTalita Sousa

Reflexões sobre o Julho das Pretas

Em 25 de julho comemoramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela.


Diferentemente do fluxo tradicional das empresas, não é só no mês de novembro que devemos abrir as portas para as discussões a cerca das questões étnico raciais. Pauta recorrente e de extrema importância, a luta antirracista se apresenta com as mais diversas intersecções. E não diferente disso, durante todo o mês de julho movimentos de mulheres negras em todo país se mobilizam para articular, principalmente, o “fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade.” (Recorte extraído do Odara Instituto da Mulher Negra).


#PraTodosVerem: Foto tirada no 3º Fórum Pacto das Pretas, contendo 8 mulheres negras, todas sorridentes e olhando para a câmera. A primeira mulher, da direita para a esquerda é a Talita Sousa, da Éssi Consultoria. Ela veste uma camisa azul clara, blusa camurça e saia bege.

Nós, da Éssi Consultoria estivemos presente no terceiro fórum Pacto das Pretas, que aconteceu em São Paulo, promovido pela Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, cujo objetivo gira em torno da implementação de um Protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo luz à discussão da situação socioeconômica das pessoas negras em nosso país provocando uma maior atuação das empresas na luta pela equidade racial e contra o racismo.


É papel fundamental das pessoas aliadas e não-negras que a luta antirracista seja prática diária.

Dados do último Censo Demográfico do IBGE mostram que a comunidade negra no Brasil, composta por pessoas que se autodeclaram pretas e/ ou pardas, representam mais de 55% da população total. Mas, apesar de sermos maioria, quando analisamos a situação geral dentro dos ambientes de trabalho a desigualdade racial, herança da colonialidade, é alarmante. Pessoas negras compõe mais de 60% da população desempregada no Brasil, segundo análise apresentada pelo Dieese. Apenas 2% dos trabalhadores negros ocupam cargos de diretoria ou gerência, enquanto quase metade das pessoas negras com ocupação estão vivenciando condições de trabalho desprotegidas.


O cenário segue assustador quando somamos à desigualdade racial a questão de gênero. Uma a cada 6 mulheres negras são trabalhadoras domésticas e sua grande maioria sem acesso à direitos básicos como carteira assinada, com renda mensal média menor que um salário mínimo (ainda segundo relatório produzido pelo Dieese, pessoas negras recebem em média 40% a menos que pessoas não negras, mesmo em posição similar dentro do mercado de trabalho).


Para além de tudo que foi mencionado acima, uma das pautas mais presentes nas falas das mulheres participantes do 3° Fórum Pacto das Pretas foi a necessidade urgente de cuidados com a saúde física e mental da população negra. Os racismos cotidianos, como bem diz Benilda Brito, interferem profundamente na saúde física, mental e espiritual das pessoas pretas no Brasil. São situações de constante vulnerabilização e violência que nos colocam em eterno fluxo de embate. Isso nitidamente provoca fissuras profundas na cabeça e autoestima de cada um de nós, negras e negros brasileiros. É papel fundamental das pessoas aliadas e não-negras que a luta antirracista seja prática diária. Posicionar-se contra os racismos é posicionar-se em favor da dignidade humana e pensar um bem viver coletivo e mais saudável para todas e todos.


 

Por Talita Sousa. Mulher negra, cisgênero, sapatona e de candomblé. Bacharel em Ciências e Humanidades pela Universidade Federal do ABC, graduanda em Políticas Públicas pela mesma Universidade, pesquisadora e colaboradora da Éssi Consultoria.

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